A Espada Excalibur e o Tarot Simbólico

No Tarot Simbólico a Carta 3 do Naipe Ar é representada por uma espada. A Espada é um símbolo fortemente masculino – um símbolo fálico – e está associada a conflitos e ao pensamento lógico.

Todavia a espada pode ser associada ao feminino, Yin e também ao Elemento Água, se for combinada com outros símbolos, como é o caso de Excalibur, uma das espadas do Rei Arthur.

Na lenda arturiana, há duas espadas, A Espada da Pedra, que Arthur retirou e deu-lhe legitimidade ao trono e Excalibur, que celebra a união dos bretões com os celtas e foi dada pela dama do Lago.

O ato dele receber a espada vindo por uma mão feminina é um símbolo da união dos princípios femininos, Yin e masculino, Yang. A reunião do elemento ar com o elemento água. Arthur se manteve forte enquanto ele foi fiel a estes princípios. Ao quebrar sua aliança com os celtas, casando-se com Guinevere por razões políticas, enfraqueceu e adoeceu.

Para resolver o problema de seu adoecimento foi empreendida a busca pelos Santo Graal, o cálice sagrado.

Esta busca pelo Santo Graal seria um resgate do feminino. Ela foi empreendida por todos os cavaleiros, muitos morreram, alguns chegaram perto, como Gawain, mas só um o encontrou, que foi Percival (ou Galahad, numa versão posterior). Esta busca também representa a busca do feminino perdido. É um homem imaturo, não contaminado pelo pensamento dominante, que acaba encontrando o Graal. Para Jung, seria o reencontro com Ânima, a parte feminina do homem, que normalmente é sufocada em períodos embrutecidos, onde o patriarcado é exacerbado, como foi o inicio da Idade Média, ou como atualmente, onde a extrema direita ganha espaço com um discurso misógino. Excalibur sendo retirada do Lago representa o masculino apoiado pelo feminino e a busca do Graal, o feminino apoiado pelo masculino.

Infelizmente para Arthur, o Graal veio tarde demais. Houve um enfrentamento entre ele e seu filho incestuoso com sua meia Irmã Morgana (que representa o feminino ultrajado) onde ambos se ferem mortalmente e Arthur, em agonia, pede a Lancelot para Excalibur ser jogada no lago. Morgana leva Arthur para Avalon onde fica adormecido numa caverna cuidada por fadas, de onde acordará para ser novamente o Grande Rei, quando a Inglaterra (ou o Mundo) mais precisar dele.

Estamos em tempos turbulentos, onde há muita necessidade de um reequilibro das duas polaridades que compõem a natureza humana.

O feminino ultrajado e rejeitado precisa ser resgatado.

Convém que retiremos Excalibur de nosso Lago Interior (o inconsciente), recebendo-a da Dama do Lago (a guardiã do inconsciente), ou busquemos o nosso Graal, quer sejamos homens ou mulheres.

Talvez ainda haja tempo.