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As Estações do Ano e a Astrologia

A maioria das pessoas que conhece um pouco de Astrologia sabe de sua relação com as estações do ano, começando com a primavera no hemisfério norte em Áries e terminando com Peixes, no final do Inverno. As civilizações que criaram e adotaram a Astrologia na antiguidade, começando com os caldeus, segundo alguns historiadores, e repercutindo no Egito e na Grécia eram predominantemente agrícolas.

Para estas civilizações, saber a melhor data para plantio, cuidado, colheita e armazenamento eram cruciais. Por isso a observação dos astros era importante e marcavam as datas destes eventos. O zodíaco surge como se fosse um pano de fundo para sinalizar estas ocorrências.

O mesmo ocorre em astrologias não ocidentais, como a chinesa, ou étnicas dos povos originários da África, Américas e Oceania, que adotam simbologias diferentes e mesmo sendo alguns destes povos caçadores, coletores e nômades, a necessidade de se conhecer as estações do ano é crucial para sua sobrevivência, com o é o caso dos índios Tubinambás, no Brasil.

Astrologia do índios Tupinambás, Brasil

A elaboração da Astrologia para abranger, primeiro, eventos de natureza política e social e, depois, personalidades veio provavelmente da observação. Por exemplo, dificilmente alguém atacaria no inverno.

Crianças nascidas na primavera (Áries) ou no auge do verão (Leão) eram mais vivazes do que as nascidas no início do inverno (Capricórnio), e menos emotivas do que as que nasciam no época do degelo (Peixes). Isso tinha a ver com a exposição ao clima.

Com o passar do tempo, se tornou simbólica e acabou fazendo parte do Inconsciente Coletivo da Humanidade, segundo a visão de Carl Jung

Tanto que ao longo dos séculos, o ponto que marca o início da primavera, devido ao movimento de precessão dos equinócios, mudou de Aries para Peixes e está mudando muito lentamente para Aquário. Adeptos da Astrologia Sideral ou da Védica, em vez de adotarem a posição simbólica do Zodíaco Tropical (que usados pela maioria dos astrólogos ocidentais), adotam a posição observada dos astros, o que acaba gerando um deslocamento dos signos de até 30 graus nos dias de hoje.

Outro fator é que a Astrologia do hemisfério Sul, que tem as estações invertidas, se mantém. Ela foi introduzida pelos navegantes portugueses e espanhóis, que já estavam distanciados da realidade agrícola dos povos da antiguidade.

Pressupondo que a Astrologia funciona, por que continua funcionando, apesar destas mudanças?

Tentativas de mudar a ordem dos signos no hemisfério sul não deram resultado ou da criação de uma Astrologia Heliocêntrica, ou o uso da Sideral não encontraram eco significativo nos praticantes da Astrologia.

Isso é um belo telhado de vidro quando discutimos como um astrônomo ou um cético. No meu ponto de vista particular, eu vejo a Astrologia como um produto cultural, e devido à séculos de permanência, já se encontra no que Jung chamou de Inconsciente Coletivo.

Os Signos e as Estações e suas analogias

Áries é o signo que inaugura o calendário astrológico e marca o início da primavera. Neste momento, temos o processo de semeadura, o início de todo o ciclo agrícola. Por analogia, pensamos no signo de Áries o signo das iniciativas, colocando seu nativo como impulsivo e agressivo. Isso teria a haver com o clima vivenciado pela criança ariana no início da vida, que refletiria no restante da sua vida.

Touro, o signo seguinte, no meio da estação, está no processo de enraizamento. A semente encontrou a terra e lança suas raízes para se firmar. Touro representaria esta fixidez no solo e seus nativos são notórios por sua determinação, resistência à mudança e teimosia.

Gêmeos, o signo do fim da primavera é onde ocorre a polinização e surgem as flores. Gêmeos é considerado o signo da expansão. Seus nativos são considerados os mestres da comunicação, usada pra expandir ideias e ideais.

Câncer marca o início do verão, onde ocorre o brotamento dos frutos. Os frutos começam a ser gestados e tem fragilidade e necessitam de cuidado. Câncer por este motivo é signo associado às emoções interiorizadas. Seus nativos são propensos a cuidar dos outros, sobretudo daqueles que se mostrem frágeis, como se fossem uma mãe.

Leão, o signo do meio do verão é o momento onde os frutos estão em profusão. É um momento de exuberância e abundância, do auge do calor muito bem representado por uma praia ensolarada. Seus nativos são conhecidos como brilhantes, exibicionistas e egocêntricos.

Virgem marca o fim do verão, quando ocorre a colheita: o símbolo de Virgem é uma moça segurando um feixe de trigo. As ações são selecionar, colher e guardar e separar o joio do trigo. Por isso seus nativos são detalhistas e sistemáticos.

 

Libra indica o início do outono, quando as folhas estão amarelando. Em algumas sociedades é quando são feitas as festas de colheita. O trabalho mais importante acabou com o armazenamento do que foi colhido. Também começa a preparação para o inverno. Nesta época é produzido vinho, compotas, frutas secas etc.. Os nativos são voltados para os relacionamentos interpessoais são bastante equilibrados, tentando não desagradar ninguém.

Escorpião marca o meio do outono quando as folhas caem. Neste momento ocorre a formação de húmus para fertilizar a terra, que servirá para germinação na primavera seguinte. É como se a vida se recolhesse. Na natureza, o escorpião, para crescer, perde a carapaça e se torna vulnerável até criar uma nova. Então, neste período, se escondem. Os nativos de Escorpião são emocionais, mas a emoção é contida, a ponto deles não parecerem ser de um signo de água.

Sagitário marca o término do outono. Neste momento, a tem-se a impressão de que está natureza morrendo. Nos países de clima frio, a paisagem começa a ser coberta de branco. Nesta paisagem, no recolhimento para o frio que virá e na aparente ausência de vida, os povos antigos pensavam na espiritualidade. Sagitário é representado por um centauro com um arco que aponta para o alto. A seta arremessada pelo arqueiro ultrapassa o animal e o homem indo em direção aos céus. Os nativos de Sagitário então seriam voltados para fora, em busca da sabedoria, tentando ir além da morte anunciada da natureza.

Capricórnio indica o início do inverno. Esse é um período de escassez, onde há necessidade de organizar e acumular recursos para ultrapassar o inverno, gerando, nos povos de locais com invernos intensos, uma economia ao extremo. A mitologia dos povos do norte (os Vikings), que vivem onde o inverno é mais longo e rigoroso, é marcada pela luta entre os Gigantes do Gelo e os Deuses, que ao vencerem, trarão a primavera. Os nativos são vistos como racionais, organizados e econômicos, muitas vezes até como avarentos. Eles nasceram numa época de escassez, o que justificaria este comportamento.

Aquário está no meio do inverno. Nos países de clima frio, a paisagem está completamente gelada. O branco toma conta de tudo. Mas nesse momento, se em Libra e Capricórnio o povo fez a lição de casa, vive-se em relativa abundância. Os nativos são expansivos, com o pensamento voltado para o futuro, como se antecipassem a primavera que virá.

Peixes marca o fim do inverno, quando, nos países de clima frio, o degelo ocorre. A primavera logo chegará. Peixes, é a água em sua máxima expressão. No degelo, tudo que foi contido agora flui, gerando nativos muito emotivos, por esta fluidez da água e sonhadores por causa da primavera que vai chegar logo. Não um planejamento virginiano ou capricorniano ou uma antecipação idealista aquariana, apenas o sonhar, com os dias ensolarados que logo virão.

Conclusão

Para nós brasileiros, que vivemos num país tropical ao sul do equador e, mesmo em países acima do equador que tenham clima mais ameno, esta passagem pelas estações parece estranho. Em alguns signos o paralelo com as estações cabe como uma luva, como Aries e Capricórnio, outros nem tanto, pelo menos ao olhar dos dias de hoje, como Escorpião e Sagitário.

A descrição das personalidades dos signos não segue somente as estações, podemos encontrar vários outros fatores, como as qualidades dos elementos. 

Atualmente embora a agricultura desempenhe um papel ainda importante na economia, a industrialização e posteriormente os serviços impõe um outro ritmo, até certo ponto padronizado. Sentimos ainda o ritmo das estações, apesar das mudanças climáticas que estão ocorrendo. Temos que chegar no trabalho às 8:00 quer seja verão ou inverno, mas ainda sentimos preguiça de levantar nos dias mais frios. A pandemia do Corona vírus deu força ao homeoffice, mudando mais uma vez o ritmo de trabalho: podemos ter um patrão do outro lado do mundo, ou ter uma loja virtual que compre da China e venda na Alemanha.

Nessa variação de ritmo, se a astrologia não tivesse existido e fosse desenvolvida hoje provavelmente teríamos outros signos e outras interpretações. E hoje, pouca gente olha para os céus. Mesmos nós astrólogos, que olhamos mais para uma tela de computador ou celular do que para as estrelas.

Contudo temos esta herança cultural, que vem sendo construída aos poucos há milhares de anos, já está enraizada no Inconsciente Coletivo, se tomarmos a visão junguiana.

A prática da Astrologia tem sido útil para muita gente e há um conhecimento acumulado e consolidado de estudos de caso, levantamentos estatísticos e outros trabalhos, que dá um bom arcabouço à Astrologia.

E ela continuará viva por muito tempo ainda. Vamos nos aproveitar deste instrumento?

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